O Impacto da Tecnologia na Gestão do Medicamento de Utentes Institucionalizados

O impacto da tecnologia na gestão do Medicamento de Utentes Institucionalizados

A gestão de medicamentos de medicamentos para Utentes que se encontrem institucionalizados em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPi) ou Unidades de Cuidados Continuados (UCC), por exemplo, representa um dos pilares fundamentais na prestação de cuidados de saúde de qualidade. O envelhecimento crescente da população, associado frequentemente à presença de várias patologias crónicas, conduz a uma elevada prevalência de polimedicação nestas instituições e, consequentemente, aumenta o risco de erros de medicação.

Para enfrentar estes desafios, torna-se cada vez mais imprescindível recorrer a soluções digitais que permitam uma gestão segura e eficiente da medicação. Neste contexto, a utilização de softwares especializados e a articulação com a farmácia comunitária — nomeadamente, nos processos de preparação individualizada da medicação (PIM) — revelam-se estratégias promissoras para garantir a segurança dos utentes e a eficácia dos cuidados prestados.

Desafios Atuais para as Instituições

Os profissionais que trabalham em contexto de ERPI ou UCC, enfrentam diariamente vários desafios no que respeita à gestão da medicação, nomeadamente:
• Alterações frequentes das folhas terapêuticas/Cardex.
• Comunicação fragmentada entre médicos, enfermeiros e farmácia.
• Dificuldade em manter uma rastreabilidade eficaz da administração dos medicamentos.
• Sobrecarga administrativa que desvia tempo da prestação de cuidados ao utente.

Qual o Papel dos Softwares

A digitalização da gestão da medicação surge como resposta a estas dificuldades, através da implementação de plataformas tecnológicas que permitem efetuar, em tempo real, o registo ou a atualização do cardex de cada utente. Estas alterações, quando efetuadas em formato digital, permitem a geração de alertas automáticos sobre as mesmas, permitindo uma atuação rápida por parte dos profissionais sobre essas mesmas alterações. Outra vantagem muito importante, prende-se com a integração plena entre o sistema de prescrição médica utilizada pelo médico e a construção do Cardex.
Em Portugal, começam a surgir soluções com estas características, embora a sua adoção ainda não seja generalizada. A interoperabilidade entre softwares institucionais e farmácias comunitárias é um próximo passo essencial.

Integração com a Farmácia Comunitária e Preparação Automatizada

Muitas instituições, contratualizam o serviço de fornecimento e da PIM à farmácia comunitária, pelo que é muito importante uma comunicação eficaz entre ambas as entidades para prevenção de qualquer tipo de erro. Tendo em conta esta realidade, o software institucional pode ter a capacidade de assegurar a comunicação em tempo real com a farmácia, para que a mesma tenha sempre conhecimento de todas as alterações efetuadas ao nível dos cardex e, ainda, para estreitar a comunicação com o próprio médico quando se deteta a falta de algum medicamento. Em casos em que a PIM do lado da farmácia é efetuada de forma automática, isto é, com recurso a um robot de preparação, é possível criar um mecanismo de interoperabilidade entre o cardex presente no software da instituição e o software do robot, para que a passagem de informação seja automática e se reduza possíveis erros de transcrição. Este modelo integrado aumenta substancialmente a segurança na gestão de medicação.

Em suma, podem ser enumeradas diversas vantagens quanto ao impacto da tecnologia na gestão do medicamento, nomeadamente:
Segurança: Redução significativa dos erros de medicação.
Eficiência: Menos tempo despendido em tarefas administrativas.
Qualidade: Melhor acompanhamento da adesão terapêutica.
Transparência: Histórico terapêutico disponível e acessível.
Custos: Redução de desperdícios e otimização de recursos.

A gestão de medicamentos de utentes que se encontram em contexto de ERPI ou UCC, exige cada vez mais soluções integradas e tecnologicamente avançadas. A digitalização do cardex, aliada à articulação com as farmácias comunitárias e ao uso de robots de preparação, representa um passo significativo na melhoria da segurança, da eficiência e da qualidade dos cuidados prestados. Apostar na transformação digital é investir num sistema de saúde mais seguro, eficaz e centrado no utente.

Carla Rocha | Health Consultant
F3M Information Systems, S. A.