O papel dos sistemas de informação na literacia em saúde
De forma mais sucinta, a literacia em saúde tem por base a capacidade que a população tem para exercer uma gestão mais controlada sobre a sua saúde, assim como de fatores pessoais e sociais. No entanto, quando falamos de pessoas idosas ou com grau de dependência, a literacia não afeta apenas o próprio, mas também a pessoa na forma de cuidador informal do mesmo.
A literacia em saúde tem efeitos positivos a vários níveis, porém podemos destacar: a melhoria do estado de saúde do utente, a redução de custos a nível dos cuidados de saúde prestados, o aumento do conhecimento por parte de todos os intervenientes no processo de promoção de saúde e a utilização cada vez menor dos serviços de saúde.
Esta temática tomou um papel cada vez mais importante aquando da implementação dos Cuidados de Saúde Primários e com a noção cada vez mais presente da centralização do utente que impulsiona a aquisição de novas práticas no setor da Saúde. Com a evolução do setor ao longo dos últimos anos, esta centralização pode ser observada em dois pontos muito fortes, sendo eles a Promoção da Literacia em Saúde e a Gestão de Informação de Saúde. Neste último ponto, a evolução dos Sistemas de Informação no setor serve de apoio a essa mesma gestão, permitindo que toda a informação clínica esteja centralizada no utente.
À medida que estes dois pontos se tornam mais presentes na Saúde, é evidente a importância do utente ou do cuidador informal no planeamento dos cuidados de saúde em conjunto com os profissionais, realçando o que hoje se chama de “Decisão Partilhada em Cuidados de Saúde”. E para este trabalho em conjunto entre os profissionais de Saúde e o utente/cuidador informal, o desenvolvimento de Tecnologias de Informação e Comunicação em Saúde têm um papel preponderante para que este caminho seja possível. A tecnologia é tida como um motor para a promoção da literacia em saúde de uma forma inovadora e intuitiva para quem a utiliza, permitindo assim uma comunicação fluída entre quem tem os conhecimentos científicos (profissionais de saúde) e quem necessita dos cuidados ou auxilia (utente ou cuidador informal), fazendo com que as decisões tenham em conta todos os fatores que influenciam a qualidade de saúde e permitindo ao utente tomar conhecimento da sua realidade, das suas necessidades e dos cuidados a ter consigo próprio. No fundo, estamos a permitir ao utente obter mais informação sobre si próprio, passando por implementar uma prestação de cuidados mais inovadora, acessível e eficaz e mais centralizada nas necessidades do utente. Desta forma, o utente/cuidador informal é um dos diversos intervenientes na cadeia de prestação de cuidados, contribuindo para a sua literacia em saúde e capacitando-o da tomada de decisões mais assertivas quando exposto a uma situação de surpresa.
Em Portugal, o setor da saúde começa cada vez mais a dar ênfase a Sistemas de Informação inovadores que lhes permita uma comunicação interativa entre os profissionais de saúde e o utente, permitindo uma circulação de informação mais eficaz e uma tomada de decisão em tempo real. Estes sistemas são vistos como algo transformador no que respeita ao processo de cuidados, enquanto contribui de forma ativa para o aumento da literacia da população
Carla Rocha | Health Consultant
F3M Information Systems, S.A.